Morreu Pinochet

Que se foda lixe. Foi cedo, aos 91 anos. Precisava de viver mais uns anos e pagar pelos seus crimes. Este homem é responsável por muitos milhares de mortos e desaparecidos e nunca pagou pelos seus crimes. Ainda há poucos dias a família, em seu nome, teve a distinta desfaçatez de dizer que “não guardo rancores”, como se fosse ele a vítima. Para além dos mortos, das torturas, das prisões, das perseguições políticas, de um país na miséria, deixou outra herança; milhões e milhões de euros, roubados ao povo, em contas no estrangeiro. Espera-se que esse dinheiro seja tomado pelo Estado a favor dos familiares das vítimas.

Sá Fernandes afastado do debate sobre Lisboa.

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O programa Prós e Contras da RTP poderia e deveria ser o programa do grande debate e de confronto de posições entre duas partes. Não é assim. Os Prós e Contras são um engano deliberado. Uma ou outra figura, de vez em quando, compõem o ramalhete de independência, mas remetida ao papel de convidado, padecendo do complexo PC não acrescenta nada de significativo. E se alguém se atreve a ir um pouco além do “arranjo”, Fátima Campos corta a palavra, desvia o assunto, chega a ser descortês, nada que um sorriso plácido e o resguardo de prima-dona do programa, não ultrapassem.

Só alguns papalvos, como eu, às vezes, ainda se prestam a ouvir os convidados principais e os da festarola, concertados em posições pouco distintas uma das outras. Uma vez ou outra aparecem uns “desalinhados”, bem-educados como o Carvalho da Silva, ou mais destravados, como o Garcia Pereira, mas também “obrigados” a meter a viola no saco, pois que ela é a dona da casa e fica mal, em casa “alheia”, ser deselegante e ainda por cima, tratando-se de uma senhora, como mandam as regras.

Na próxima segunda-feira vai ser discutida Lisboa. Vão estar lá os autarcas eleitos e representados na Câmara. Vão estar os representantes dos partidos. Mas não vai estar o Vereador José Sá Fernandes. Não foi convidado o representante do quarto partido mais votado mas foi convidado o quinto. Vá lá perceber-se…

Mas será possível hoje discutir Lisboa, discutir os problemas e as propostas para a cidade, falar sobre o combate à corrupção, sobre as obras embargadas, sobre a refundação de Lisboa, sem a presença de Sá Fernandes, se o objectivo é ter uma discussão séria sobre os problemas?

José Sá Fernandes é um exemplo de um homem devoto à causa pública, de dedicação impoluta à cidade, de combate à corrupção. Por mim erigia, “sem reservas”, uma estátua à sua figura. É sem dúvidas o paradigma do homem excelso em pessoa.

A ausência de convite no debate sobre Lisboa, empobrece a democracia e prova como Portugal é um país de pequenos, um país de obediência aos grandes poderes.

O não convite é a prova do medo de alguns, pelo poder político e pelo poder económico. A RTP não quer ouvir a voz mais incómoda, contra os poderes estabelecidos, ouvir as denúncias e as explicações de cumplicidades entre os homens fracos (ligados ao poder político executivo) e o dinheiro dos donos deste país à beira-mar plantado.

O dever de solidariedade dos participantes no “debate” e dos homens independentes deveria ser uma exigência cívica. Não deveriam ficar calados. Pela parte que me toca lavro o meu protesto.

Nota final: À margem desta polémica José Sá Fernandes é convidado para uma inauguração, fictícia, do Centro de Saúde de Marvila que continua por abrir portas, apesar de concluída em Abril deste ano, pela Associação de Moradores do Bairro dos Lóios, Flamenga, Armador e Amendoeiras. A solidariedade entre comparsas.

Adenda: A Isabel sugeriu e eu sigo-lhe o exemplo. Deixem o protesto no Provedor de Telespectador.