Câmara de Caminha vasculha mensagens de voz.

A presidente da Câmara de Caminha vai processar uma candidata do Bloco de Esquerda às eleições autárquicas de 2005, por alegadas ofensas à dignidade pessoal, com base em registos de mensagesn de voz, detectadas, no voice-mail de um telemóvel de um funcionários da Câmara.

Depois das escutas telefónicas, apenas possíveis por decisão judicial, temos agora uma nova versão de escutas ilegais. Vasculhar mensagens de voz, no caso, um telemóvel da Câmara, cedido a um funcionário e posteriormente retirado o equipamento. Foi nesse equipamente que foram encontradas as ditas mensagens de voz.

Uma situação ridicula de uma Presidente prepotente, arrogante, “guerreira” contra as oposições, contras as associações populares, contra os cidadãos ou cidadãs, as Juntas de Freguesia, tudo o que cheire a um não alinhamento subserviente, com as suas decisões polémicas na governação e nos seus ataques pessoais, de puro revanchismo, ter ameaçado agora, ir para Tribunal com um processo de injúrias pessoais. Quem não conhece este tipo de ameaças de pessoas no poder ou influentes, de perante acusações ou críticas, arremetem esta intenção, acabando por não a concretizar? Vamos lá ver se é desta.

Talvez assim tenha de explicar com que direito, vasculha mensagens de voz, vasculha mensagens de texto, vasculha qualquer informação, registada num equipamento que não obstante ter sido “cedido” pela Câmara, para as funções do funcionário, também é usado pessoalmente, nem que seja só para receber chamadas e mensagens. Por isso pode conter, conterá naturalmente, informação pessoal, privada e até do foro intimo, sabe-se lá.

O acesso da Presidente ao correio de voz é um acto premeditado para ouvir mensagens de ordem pessoal. Este sim é um procedimento ilegal, pidesco, prepotente e susceptível de procedimento judicial.

A presidente Júlia Paula conhecida pela arrogância e poder autocrático, revela-se afinal como uma mulher fraca e complexada. Estas coisas resolvem-se …não se resolvendo, não recorrendo, tipo virgem ofendida á ameaça de Tribunal, resolvem-se … não atribuindo importância a uma mensagem de voz, deixada num telemóvel, entre pessoas que pelo tipo de linguagem, se devem conhecer muito bem.

A atitude pidesca de procurar no voice-mail de um telemóvel que só é acessível através de um código pessoal, tem um sentido pior do que remexer uma gaveta de uma secretária pessoal à procura de qualquer coisa.

Avance lá para o Tribunal e vai ver que ficará muito mal nesta fotografia. Não sei quem será a candidata do Bloco de Esquerda. Conheço-as mais ou menos todas. Admito que a linguagem do tipo “Tens medo que essa puta te acerte o passo?” ou que vai ter “uma vida fodida o resto dos quatro anos”, até possa ser de uma das candidatas do Bloco ao ser dito que o “Bloco iria contribuir” para lhe complicar a vida política.

Eu não teria dúvidas que se a  candidata, cabeça de lista do Bloco à Assembleia Municipal, uma pessoa com provas dadas em diferentes áreas, ldesde a sociologia, ao ambiente, ao associativismo, se porventura tivesse sido eleita, a vida dessa senhora não seria fácil não, com a combatividade que lhe é reconhecida.

Se o pretenso alvo dessa acusação poderá ser ela mesmo (não sei se é assim, sinceramente, e custar-me – ia acreditar, conhecendo a sua educação e compostura), a acusação refere-se a um suposto “reconhecimento” da voz, mas a notícia não se cita nenhuma pessoa em concreto. Mas eu diria que o alvo mesmo, não é a ela nem o Bloco de Esquerda, que não está representada nos órgãos autárquicos, mas sim o Partido Socialista, que tem tido uma presença activa na Vereação da Câmara ao que julgo saber, e partindo do pressuposto que a candidata do Bloco é esposa de um anterior Vereador do PS, no anterior executivo, liderado pela actual Presidente.