A Mesa Nacional do Bloco de Esquerda ratificou, como se esperava, o acordo de Lisboa entre o PS e o Bloco de Esquerda. O acordo é positivo para Lisboa e permite a Sá Fernandes implementar algumas das suas propostas mais emblemáticas, sem estar prisioneiro de outros compromissos.
Embora possa compreender, não concordo que o Bloco tenha necessidade de reafirmar que não fará coligações com o PS para as legislativas de 2009. O Bloco não pode estar prisioneiro de fantasmas. O Bloco tem uma actuação própria e não pode ficar constrangido por afirmações mal intencionadas que visam condicionar a sua actividade independente e se constituir como uma alternativa política credível.
Também não posso concordar que a esta distância afirme que não fará coligações autárquicas, seja com o PS ou qualquer outra força política de esquerda. É um erro. O plano da intervenção autárquica assume características peculiares que uma reserva de cautela, sobre eventuais coligações de esquerda, deveria ser tido em conta.
A direcção do Bloco, emaranhada em tendências, vem-se mostrando incapaz de concretizar a política estratégica, aprovada na última convenção, para não provocar roturas internas irremediáveis, sendo que algumas parecem ser indispensáveis, a um processo de renovação e crescimento.
Em minha opinião, volto a afirmar, as tendências organizadas, tendem a criar pequenos grupos, cada vez mais fechados, mais fixados nas suas posições, cada vez mais inflexíveis, sendo tanto pior quando uma dessas tendências, a Ruptura/FER, se caracteriza por uma rigidez ideológica, contrária ao projecto político de construção de uma nova esquerda.