Bloco de Esquerda

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A Mesa Nacional do Bloco de Esquerda ratificou, como se esperava, o acordo de Lisboa entre o PS e o Bloco de Esquerda. O acordo é positivo para Lisboa e permite a Sá Fernandes implementar algumas das suas propostas mais emblemáticas, sem estar prisioneiro de outros compromissos.

Embora possa compreender, não concordo que o Bloco tenha necessidade de reafirmar que não fará coligações com o PS para as legislativas de 2009. O Bloco não pode estar prisioneiro de fantasmas. O Bloco tem uma actuação própria e não pode ficar constrangido por afirmações mal intencionadas que visam condicionar a sua actividade independente e se constituir como uma alternativa política credível.

Também não posso concordar que a esta distância afirme que não fará coligações autárquicas, seja com o PS ou qualquer outra força política de esquerda. É um erro. O plano da intervenção autárquica assume características peculiares que uma reserva de cautela, sobre eventuais coligações de esquerda, deveria ser tido em conta.

A direcção do Bloco, emaranhada em tendências, vem-se mostrando incapaz de concretizar a política estratégica, aprovada na última convenção, para não provocar roturas internas irremediáveis, sendo que algumas parecem ser indispensáveis, a um processo de renovação e crescimento.

Em minha opinião, volto a afirmar, as tendências organizadas, tendem a criar pequenos grupos, cada vez mais fechados, mais fixados nas suas posições, cada vez mais inflexíveis, sendo tanto pior quando uma dessas tendências, a Ruptura/FER, se caracteriza por uma rigidez ideológica, contrária ao projecto político de construção de uma nova esquerda.

A criminalidade

Há dois dias a cidade de Viana foi palco de um verdadeiro farwest com tiros cruzados entre polícias e assaltantes a uma ourivesaria e ao museu do ouro tradicional do mesmo proprietário. As lojas contíguas foram apanhadas no turbilhão dos disparos bem como alguns transeuntes, um assaltante e um polícia. Um dos transeuntes corre o risco de ficar paraplégico e o assaltante baleado está em estado de coma.

A ocorrência deu-se em pleno centro histórico, a meio da manhã e nas vésperas da reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros que decorre a cerca de trezentos metros do local dos assaltos e quando a cidade está pejada de forças policiais.

A resposta policial foi imediata, corajosa e parece ter sido a possível face às circunstâncias.

Não estou em condições de afirmar se os meios da polícia são os adequados para o combate a este tipo de criminalidade. Parece-me que mais do que o reforço do armamento e das forças policiais, se justifica o empenho na aplicação de programas coordenados de investigação, de acompanhamento de grupos tendencialmente perigosos, de empenho numa base de dados de delinquentes com cadastro, e de fortes políticas de prevenção, tenderão a diminuir este tipo de crimes.

A verdade é que a violência do assalto e o tiroteio abalaram a cidade, pouco habituada a perturbações desta índole.

Como é habitual o PSD e o CDS tentam fazer um aproveitamento destes acontecimentos para reclamar umas forças policiais armadas até aos dentes e fazer um baixo combate político.

Pela parte que me toca não gostaria de ver este país transformado num Estado policiado, à semelhança do que por estes dias se avista em Viana, por causa da reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros, com os polícias armados com metralhadoras e em cima dos edíficios.