Um país singular

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Um trabalhador português que apenas concluiu o secundário recebe em média menos 80 por cento do que um licenciado, sendo esta a maior diferença por país, entre os países da OCDE, com a excepção da Hungria e da República Checa. Também o trabalhador com o ensino básico recebe menos 57 por cento do que outro que completou o 12ª ano. Ainda outro recorde: São licenciados, mais de 60 por cento, os que recebem mais de duas vezes que a média nacional.

Ainda segundo o relatório da OCDE Educacion at a Glance 2007, encontra-se em Portugal “a maior selectividade no acesso ao ensino superior” sendo que o prosseguimento dos estudos está fortemente condicionado pelo estatuto socio-económico dos pais, em forte contraste com países como a Irlanda, Espanha e Finlândia, apontados como exemplos de países onde a equidade no acesso à educação é exemplar e não depende das habilitações académicas ou da ocupação profissional dos progenitores.

Estes dados provam que ao nível dos salários a disparidade entre trabalhadores licenciados e não licenciados é um perfeito exagero e um disparate.

Estes dados provam ainda, mais do que em qualquer outra parte da Europa, que ter um curso apesar de tudo compensa. Se exercer a profissão e não estiver empregada num qualquer call-center … E prova também que o acesso ao ensino superior está interdito aos pobres. E interdito ainda aos filhos de muitas famílias em que as contas da vida se fazem pelos dedos.

Na minha visão particular destes problemas tão importante como uma licenciatura é dar condições para qualificar os trabalhadores. E tão importante como uma licenciatura é premiar os bons desempenhos, as competências profissionais, os conhecimentos e os resultados.

É evidente que para isso é preciso dar formação profissional nas empresas e fora das empresas. Desafiando competências, disseminando conhecimentos, desfrutando das experiências profissionais, em toda a estrutura da empresa.

A minha longa e vasta experiência de trabalhador e profissional, permite dizer-me sem errar que a aposta na capacidade, na determinação, na dedicação do trabalhador, com programas adequados e formação permanente, orientada para os resultados, para o cumprimento de objectivos, é capaz de operar desfechos, tão bons ou melhores, que outros possuindo formação académica superior.

Mas nada contra os licenciados obviamente. Especialmente os que se entregam à sua valorização com pundonor e sacrifício. Apenas um pequeno olhar para outros menos académicos.