Ser de esquerda

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Agora mesmo descobri um post da Isabel sobre o que é ser de esquerda, hoje. Na altura fiz um muito pequeno comentário. Relendo-o agora, dois anos depois, continuo a pensar o mesmo. Disse apenas isto:

“ser de esquerda é preocupação, angustia, inquietação, luta, irreverência, arrebatamento, inconformismo, sei lá, por um mundo onde TODOS vivam com dignidade e vivam bem. Um planeta em que a riqueza ou a pobreza é equilibrada por todos. Utopia? que seja. ”

O que é que vocês acham sobre o que é ser de esquerda, hoje?

Sol

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Há sempre sol,
mesmo que não o vejas
mesmo
que seja noite
e que o céu todo
seja
um borrão
de nuvens negras
que te abafam!

Há sempre
Sol,
a dar calor
e luz;

sempre
Sol
– mesmo que tudo
o negue!

Ninguém
te rouba
o Sol,
irmão;
ninguém
to
rouba
– que não
pode
roubá-lo,
nem guardá-lo
para si!

O Sol
não é uma esperança,
é
uma
certeza
para todos.

E não há nuvens
que possam
apagá-lo,
nem noites
que o abafem
e façam
desaparecer.


sempre
Sol!
Há-de
haver
sempre
Sol!
– mesmo
que os nossos olhos
o não vejam
e a noite
julgue
que
é
rainha
e dona!

Alfredo Reguengo
10/12/1970
Poemas da Resistência

por Fernando Publicado em Poesia

Um genuíno espírito de missão!

A campanha para a liderança do PSD vai custar 100 mil euros a Luís Filipe Menezes e outro tanto a Marques Mendes, provavelmente.

Será que não devia haver regras para estes gastos?

03 – Charlatão

Na ruela de má fama
faz negócio um chalatão
vende perfumes de lama
anéis d’ouro a um tostão
enriquece o charlatão

No beco mal afamado
as mulheres não têm marido
um está preso, outro é soldado
um está morto e outro f’rido
e outro em França anda perdido

É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra

Na ruela de má fama
o charlatão vive à larga
chegam-lhe toda a semana
em camionetas de carga
rezas doces, paga amarga

No beco dos mal-fadados
os catraios passam fome
têm os dentes enterrados
no pão que ninguém mais come
os catraios passam fome

(É entrar,…)

Na travessa dos defuntos
charlatões e charlatonas
discutem dos seus assuntos
repartem-s’em quatro zonas
instalados em poltronas

Pr’á rua saem toupeiras
entra o frio nos buracos
dorme a gente nas soleiras
das casas feitas em cacos
em troca d’alguns patacos

(É entrar,…)

Entre a rua e o país
vai o passo dum anão
vai o rei que ninguém quis
vai o tiro dum canhão
e o trono é do charlatão

(É entrar,…)

É entrar, senhorias
É entrar, senhorias
É entrar, senho…

Letra: Sérgio Godinho
Música: José Mário Branco
Álbum: Mudam-se os tempos mudam-se as vontades