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“Mas foi em Baleizão que o ódio dos fascistas aos camponeses teve a sua mais infame expressão. Quando no dia 19 de Maio um grupo de camponeses quis falar aos de Penedo Gordo, a GNR de Beja que fora chamado pelo reitor da herdade, recebeu-os com uma rajada de metralhadora. À frente iam camponesas com os filhos ao colo e uma destacou-se dizendo: “Nós temos fome e queremos falar com os de Penedo Gordo”. O Tenente Carajola que comandava a força da GNR agrediu-a com duas bofetadas e a valente camponesa, grávida, caída no chão e segurando um filho que trazia ao colo, gritou-lhe: “Nós temos fome e queremos paz”: O tenente assassino metralhou friamente a camponesa, dando-lhe morte imediata e ao filho que trazia no ventre. Depois ainda disparou nova rajada contra outra camponesa que protestou contra o assassino mas não a atingiu.
O corpo da camponesa foi levada para Beja, onde o delegado de saúde e o Dr. Andrade, médico em Baleizão, queriam na autópsia dizer que a morte tinha sido provocada… por comoção. Depois os fascistas fugiram com o corpo da desventurada camponesa, não deixando que os trabalhadores lhe fizessem o funeral”.
O Camponês», nº 44 Maio-Junho de 1954
” (…)
Tinha chegado o tempo
Em que era preciso que alguém não recuasse
E a terra bebeu um sangue duas vezes puro
Porque eras a mulher e não somente a fêmea
Eras a inocência frontal que não recua
Antígona poisou a sua mão sobre o teu ombro no instante em que morreste…”
E a busca da justiça continua”
Sophia de Mello Breyner
São os feitos do maior Potuguês de sempre.. Catarina ; José Adelino dos Santos;Antonio graciano e Francisco Madeira;Manuel Agostinho Gois; José Patuleta; Germano Vidigal;José Antonio Companheiro… etc.. inumeras vitimas anónimas estes são todos Alentejanos…. Mas há mais !
partilhei há tempos, aquando do aniversário da morte do zeca, uma versão minha do Cantar Alentejano.
http://anacruses.blogspot.com/2007/02/cantar-entre-alentejndiano.html
saudações
A blogosfera tem…
muita gente a dizer e a escrever coisas.
e, tem também @s que debitam caracteres, por grosso ou avulso sem escreverem nada.
tem outr@s que escrevem e dizem, mas nada se percebe e, muito provavelmente não era para perceber.
tem @s “narcisos” de varias matizes.
tem ainda @s que sim e os que não.
tem @s assim assim.
– tod@s cada qual à sua maneira, com jeito ou sem ele nos fazem falta, tod@s são importantes…
mas há uns e umas que insistem em abanar a consciência… agitando-a, com as suas angustias e as suas inquietações…
desses e dessas, gente há que insiste (e bem) em manter viva a nossa lembrança.
– invocam os nossos mortos, lembram aqueles que ousaram dizer NÃO e resistiram e pagaram com a vida a ousadia. –
não ouso escrever que estes e estas são os imprescindíveis, que sem eles o mundo não avança. Não!
tenho porem a firme convicção que esses e essas são indispensáveis para que a blogosfera seja também um espaço de reconhecimento e gratidão para com aquelas e aqueles que afrontaram a besta, e com a sua abnegada coragem desbravaram o caminho que nos trouxe até aqui.
lembrar Catarina Eufémia, assassinada pelo Tenente Carrajola da GNR a 19 de Maio de 1954 em Baleizão, é, nos dias de hoje, sobretudo agora que deixou de ser moda, não apenas um tributo à jovem camponesa, à militante comunista ou até à nossa memória, mas sobretudo mostrar as novas gerações que tudo isto não aconteceu por acaso. que tudo isto, a liberdade de escrever num espaço como este é o resultado da luta de muit@s que nunca sequer ousaram sonhar com a blogosfera.
quando Catarina encabeçou aquela marcha de protesto pelo direito ao trabalho e pela honra, não carregava consigo apenas a sua fome ou o seu desespero…
ela indicava um caminho.
um caminho para por fim a tudo isso, um caminho de coragem e de dignidade.
um caminho (solidariedade, coragem e dignidade) que hoje parece tortuoso, tão poucos são os que o trilham
– como dizia Natália Correia «Ser-se hoje revolucionário é preservar a memória do que nos coube viver e muitíssimo foi» –
obrigado Fernando, por mais esta lembrança. (Mesmo tendo ficado por lembrar que mais tarde, depois de Abril, gente houve, partidos políticos inclusive, que quiseram limpar a GNR e atribuíram o crime à PIDE. Ou que esses mesmos quiseram privatizar a memória e o legado de Catarina, recusando a outros, incluindo ao companheiro de Catarina, o direito de a homenagear…
JC
Obrigado, JC
Dizes isso porque és amigo.
Rui.
Já lá fui e gostei muito. Parabéns.
Nelly,
Obrigado pelos teus comentários.
A alma alentejana é assim…
Já muitas vezes “confundi” amizade com solidariedade. Na politica então fi-lo vezes sem conta.
Até porque «A revolução é uma pátria e uma família.» como escreveu num dos seus livros Jorge Amado.
não foi agora o caso.
O que escrevi é sentido e é racional.
Ainda bem (porque há liberdade) ainda mal (porque parece que isso já não conta), facto é que quem nasceu na déc. 90 e tem 20 anos, já não faz a minima ideia de quem foi, ou é, Catarina Eufémia…
Saudações!