Sarkozy impressionado com Sócrates.

O candidato a presidente da república francesa Sarkozy mostrou-se surpreendido com as “reformas” do governo Sócrates, tendo afirmado que “se os socialistas franceses fossem como ele, teria dificuldade em posicionar-me”.

Segundo conta o jornalista Dominique Audibert, da revista francesa Le Point, numa extensa reportagem sobre o encontro entre Sócrates e Sarkozy, no passado mês de Março, em Portugal, Sarkozinem queria acreditar no que estava a ouvir”, perante o entusiasmo com que o primeiro-ministro português, descrevia “como desfez a maioria das regalias adquiridas na função pública”.

Colocado perante a pergunta do jornalista sobre o “segredo” para apesar de ter tomado medidas impopulares, ter índices elevados de popularidade, Sócrates, riu e afirmou, “é sem dúvida um milagre”.

Não sei porquê mas veio-me à memória a frase publicitária de uma conhecida empresa “eu é que não sou parvo”. Sócrates acha que é um milagre. Eu não deixo de pensar na frase publicitária.

E não deixo de pensar que a greve geral é acertada.

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7 comentários a “Sarkozy impressionado com Sócrates.

  1. Fernando,

    Acredita que o “elogio” também não me caiu bem :). Não podia estar mais longe de muitas das opiniões de Sarkozy. Mas, também como sabes, sou entusiasta desta reforma e, insisto, que não considero que esta foi feita sem “humanidade”. Aliás, tivemos oportunidade de discutir isto e sabes que achei que o Governo não quis ir até onde devia ter ido, arranjando uma solução que nem é radical em relação aos trabalhadores que, após as tentativas de reconversão, não continuam a trabalhar no Estado (2/3 ordenado no mínimo até reforma mais a possibilidade de acumular esse valor com qualquer actividade que exerçam no privado).

    Quanto aos “direitos adquiridos” não me parece injusto do ponto de vista global e social terem-se acabado com os sub-sistemas ou com a fusão da segurança social.

    Abraço e bom 25 de Abril,

  2. A diferença entre os 2 paises esta no povo, em França medidas dessas seria dificil a passar, basta so se relembrar as greves dos anos atrazados..
    Essa greve geral que se prepara é muito boa, mas vém mesmo muito muito em atrazo…
    Achas que uma greve de “so” um dia pode dar alguma coisa ? tenho duvidas.
    Nessa greve, os sindicatos vão pedir aumentos de salarios o algumas medidas afim de ameliorar a vida de cada um, o é so uma greve para fazer greve ?
    dia bom de 25 de abril !

  3. Ricardo,

    Percebo a tua incomodidade. Uma reforma elogiada por ti mas com Sarkozy, a admitir que se aplicada em França, pelos socialistas franceses ele teria dificuldade em POSICIONAR-SE… diz tudo sobre a mesma. Teríamos um Sarkozi à esquerda do PS.

    Apesar de já falarmos o suficiente sobre este assunto convém desmistificar algumas coisas:

    1 – Os trabalhadores que podem receber até 2/3 (66% do vencimento) são trabalhadores que ficam sem emprego, não por vontade própria.

    2 – São trabalhadores que perdem 33% do vencimento, sem que fizessem nada por isso.

    3 – Os 66% do vencimento não são nenhuma benesse como se quer fazer crer.

    4 – São o equivalente ao subsidio de desemprego (65%) que qualquer trabalhador do privado teria direito se perder o emprego.

    5 – E para acumular esse vencimento com outro no privado só do tipo biscatada, porque os trabalhadores nessas condições, têm de estar SEMPRE disponíveis; para acções de formação, provas de selecção ou para retomar funções. (Por graça cheguei a dizer que estes trabalhadores andavam com uma pulseira electrónica a controlar os seus passos.)

    6 – Apenas se abdicarem do carácter permanente do emprego, para se vincularem ao privado, aí sim poderão acumular o vencimento do privado mas com 29% do salário da função pública.

    Reforçando a ideia. Estes trabalhadores foram afastados (para facilitar vou dizer despedidos) e como contrapartida recebem

    a) 2/3 do vencimento que é o mesmo que receberia qualquer trabalhador que fosse despedido no privado, pelo fundo de desemprego.

    b) e 29% do vencimento se efectuar um vinculo permanente ao privado (com pedido de licença de vencimento na função pública).

    c) mas estes trabalhadores não recebem (1,5 salário/ mês por cada ano de serviço em média) nenhuma indemnização como receberia qualquer trabalhador do privado se tivesse sido despedido.

    d) também não têm acesso ao subsidio de desemprego.

    Ou seja: o que o governo faz é pagar a prestações (29% do vencimento por mês) aquilo que qualquer empresa teria de pagar na totalidade (uma indemnização) se por qualquer motivo o trabalhador perdesse o seu posto de trabalho e o subsidio de desemprego, (66% do vencimento por mês), por estar …no “desemprego”.

    Por fim: depois de lhes serem congelados os vencimentos em dois ou três anos consecutivos. Congelaram as carreiras. Aumentarem a idade da reforma. Diminuírem o valor da reforma. Retirarem direitos sociais. Depois disto, e outras não achas que Sarkozy tem razões para ficar impressionado Ricardo? E que tem dificuldade em compreender que estas medidas sejam tomadas por um governo socialista? E que se fossem em França ele próprio não saberia se estaria à esquerda do PS?

    Mas escusas de ficar (des)preocupado porque onde tu pensas que o governo não foi tão longe como desejarias … o despedimento, ele vai acontecer de modo ainda mais fácil do que no privado, através de um expediente pulha que será por uma suposta avaliação do desempenho. Vamos aguardar.

  4. Olá Helena.
    Também creio e não somos os únicos a dizê-lo que dificilmente estas medidas seria aplicadas em França, sem uma enorme contestação.

    Sobre a greve geral bem de facto atrasado no tempo. E vai ser preciso um grande esforço para ter sucesso. Digo mais é um grande risco. O tempo certo seria quando foram anunciadas todas as medidas anti sociais em catadupa. Depois porque uma greve no sector privado em Portugal com a crise de emprego, com o medo das retaliações, com a pouca força sindical e a pouca consciência social dos trabalhadores, neste sector está condenada ao fracasso. Depois pela última razão que referes: É que a greve geral nesta altura não vai alterar absolutamente nada. O governo já passou mais de metade do seu mandato e agora vai “desapertar” a pressão e aliviar a carga (baixa de impostos, aumentos dos salários reais, para tornar a ganhar as eleições) a um ano e pouco das eleições.

    A greve é de um dia e é apenas de protesto. A central sindical que convoca a greve (CGTP) e que representa a maioria dos sindicatos, apresenta uma estratégia convergente com a política do partido que a dirige politicamente, o PCP e é uma estratégia de resistência (que é o quanto baste ao PCP, para segurar o seu eleitorado) e muito pouco prepositiva para uma resposta mais consistente e que contribua para mudar alguma coisa e não apenas para dizer que não se está satisfeito. Mas é o que temos.

  5. Fernando,

    Como sabes o subsídio de desemprego não é vitalício até à reforma por isso as situações não são comparáveis. O que disse, e repito, é que se optou por não criar situações limite de despedimento. A massa de pessoas na função pública tem que se adaptar à mobilidade até para ser possível o que defendes desde que te conheço, os Orçamentos base zero. E é preferível, para aqueles que não trazem valor acrescentado ao sector público, que tenham a garantia da manutenção de dignidade e, repito, com liberdade para procurar com toda a calma do mundo outras opções no sector privado, do que manter funcionários já sem capacidade de reaprendizagem, desmotivados no local de trabalho. Isto é desumano? Não o acho, sinceramente não o acho…

    Só com reformas profundas é que podemos criar condições para premiar carreiras, o mérito e a qualidade do serviço público. O que não vou aceitar é que o único objectivo seja poupar dinheiro mas penso, analisadas as propostas das carreiras, vínculos e remunerações que, no fim, vamos ter uma melhor função pública do que a que tínhamos.

    Lembras-te que, há um ano, era um escândalo nacional o fim da ADSE e dos sub-sistemas. Achas que, passado um ano, o saldo dessa reforma pela simplificação, pela igualdade de tratamento, pelas poupanças económicas… repito, que o saldo é negativo?

    Abraço,

  6. O meu preconceito de esquerda em Portugal é que todos a defendem nem todos o sendo. O de direita é que todos que o são, são empresários e pequenos burgueses que enriqueceram à custa de corrupção. O de estrema-esquerda é de não existir nenhum país com esse regime político desenvolvido. O de extrema-deirita é de estar associado a ditaduras repressivas. Prefiro confiar em pessoas que ligar-me a rótulos políticos.

  7. Acho muito bem que pela 1ª vez haja alguém com coragem de mexer nesse ELEFANTE BRANCO criado após o 25 de abril, que é a F.P.pois chegam a ser caricatas e terceiro mundistas as diferenças das regalias e beneficios sociais entre funcionarios e não funcionarios publicos, bem como essa treta da ADSE

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