O dia não podia ser melhor escolhido. No dia das mentiras uma mentira de verdade.
A taxa moderadora cuida de prevenir o uso excessivo e desajustado de serviços específicos como as urgências hospitalares, de forma a libertar os meios e os recursos para situações de maior gravidade. É sabido que muitos usam este serviço como meio de alcançar uma consulta comum, normalmente demorada.
Já a aplicação de uma taxa, como a que entrou em vigor no dia 1 de Abril, para serviços de internamento, ou de cirurgia ambulatória, designada de moderadora, é a mentira-verdade do dia, pois não visa moderar uma utilização indevida, como é sugerido, dado que resulta de um acto clínico prescrito por quem tem a competência adequada; os médicos e não de uma acção voluntária para fins indevidos.
O ministro da Saúde e o governo são uns broncos a fazer passar por lorpas os outros. Seria mais sério que dissessem a verdade. O que se pretende é à custa dos doentes e destes os mais pobres, arrecadar receitas, com fins que acredito, não serão propriamente atacar o défice, mas antes desenvolver uma cultura de utilizador-pagador, neste caso na saúde, ao arrepio de uma solidariedade social, e com fins, verdadeiramente ainda por apurar, mas que suspeito.
O princípio solidário do Serviço Nacional de Saúde não pode ser posto em causa, com habilidades desta natureza. Aguardemos.
Foice dos dedos 