Alguém me explique que eu não estou a perceber.

Os movimentos do Sim estiveram todos em Aveiro. Hoje, as divergências políticas e ideológicas não contaram. Vi deputados do PSD, do PS, do Bloco de Esquerda. Hoje só vi as pessoas. Vi muitas mulheres, vi homens, também vi muitos jovens, vi pessoas mais idosas, vi muitas raparigas novas. Hoje vi todas as pessoas com uma única preocupação. Oferecer a sua disponibilidade e o seu comprometimento, com o Sim, cuidando de levar o esclarecimento e o debate, de forma a colocar um fim, a uma lei que pode levar as mulheres à prisão. O espaço do Centro Cultural de Congressos em Aveiro encheu com a presença de cerca de um milhar de pessoas para dizer Sim à despenalização do aborto até às 10 semanas.

Quando vejo esta unidade em torno de um projecto concreto, não consigo perceber que Jerónimo de Sousa, marque para o mesmo dia uma iniciativa partidária e faça este tipo de declarações “podemos não ter tanto dinheiro como outros para colocar grandes cartazes a favor do “Sim”, mas temos pessoas empenhadas e generosos que vão lutar na batalha do referendo”. Mas que sentido faz esta afirmação? A quem se dirige Jerónimo de Sousa? Porque diz isto Jerónimo de Sousa? De resto como compreender, do mesmo modo, que diga que “se o Não vencer será uma derrota do PCP, mas também para as mulheres portuguesas”. Mas como? Não será que a ordem está invertida?

Gostava de ver o PCP mais envolvido e a deixar-se de remoques … doutras guerras.

por Fernando Publicado em Aborto

12 comentários a “Alguém me explique que eu não estou a perceber.

  1. Meu grande amigo! Como queres explicação para essa atitude? O PCP é isso mesmo! Só gosta de ser controleiro! Não vês o que eles fazem no sindicalismo?

  2. “É mais do que uma derrota para o partido, é uma derrota para as mulheres portuguesas, até por uma questão de saúde pública», disse Jerónimo de Sousa à Lusa no final da 8ª assembleia da Organização Regional de Portalegre do PCP, quando questionado sobre o significado de uma eventual vitória do «Não» no referendo.”

    Dá para ver quem é sectário e quanto ao encontro estavam por lá muitos militantes do PCP, quem disser o contrario mente.

  3. Caro Filipe.
    1 – Se o Sim perder (espera-se que não) a derrota é das mulheres por todos os motivos e mais um. E depois será minha, será tua, será de todos os que se empenharem na vitória do SIM. Os partidos que “assumam” outras derrotas.
    2 – Não tenho nenhumas dúvidas de que estavam militantes do PCP no encontro de Aveiro. Mas há coisas que não consigo perceber na estratégia do PC. Por exemplo este comunicado: “A Comissão de Freguesia de Alhos Vedros do Partido Comunista Português, em nota enviada para a nossa redacção, refere que sobre a Despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez, é importante referir que : “Já nos anos 40, ainda nem eram vivos os pais de alguns dos actuais dirigentes dos partidos que querem ser os donos da verdade nesta matéria, o Partido Comunista Português tomava posição sobre a mesma e inclusivamente foi tese de doutoramento do então Secretário-geral Álvaro Cunhal, em tempos em que não era nada fácil assumir esta posição.”

    Uma oportunidade concedida pelo Partido Socialista e Bloco de Esquerda

    Neste contexto sublinha que – “O Partido Comunista Português foi contrário na Assembleia da República à realização do referendo porque as forças à esquerda do PSD/CDS tinham as condições necessárias para aprovar a lei, uma maioria, e também por pensar que se o “Não“ vencesse, o Partido Socialista e o Bloco de Esquerda lavavam as mãos como Pilatos e se o “Sim” vencesse apareceriam como campeões!!! O referendo constitui assim uma oportunidade para que os defensores do “Não” tentem adiar mais uma vez a Despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez. Uma oportunidade concedida pelo Partido Socialista e Bloco de Esquerda.”

    3 – Continuo por não perceber o que quis dizer, Jerónimo de Sousa com esta frase “podemos não ter tanto dinheiro como outros para colocar grandes cartazes a favor do “Sim”, mas temos pessoas empenhadas e generosos que vão lutar na batalha do referendo”.

    4 – Neste referendo os partidos do Sim, sobre a matéria do aborto deveriam abster-se de entrar em criticas que pertencem a outros momentos e a outras “guerras”. Foi isto que quis dizer.

  4. Mas este post e respectivos comentários passaram de repente a discutir política, ao nível da antiga K7, centrando a atenção no secundário em vez de continuar a reforçar o essencial?…
    Francamente não percebo!… ;(

  5. a.castro.
    Não percebi a afirmação de Jerónimo sobre os cartazes. Ou melhor percebia num certo sentido. Relendo-a melhor se calhar até a interpretei de forma errada, mas é uma frase que suscita muitas dúvidas. Não é claro se estava a referir-se aos cartazes do Sim do PS e do Bloco, (como me pareceu e seria um absurdo) ou aos cartazes do Não (com alguma boa vontade minha e depois de um esforço para perceber a frase, até pode ser) e implicitamente uma critica ao financiamento dos movimentos do Não. Como dizes o que é preciso é ir ao essencial e não estar a discutir o acessório e por isso é que fiz este post e daí também a razão para manifestar a minha estranheza para as afirmações de Jerónimo. Quanto a considerares o meu post como cassete prefiro não responder-te.

  6. A linha de campanha do PS sempre me deixou algumas dúvidas e escapava à minha compreensão. Digo escapava, porque finalmente entendi que, embora muitos dirigentes socialistas estejam na linha da frente a favor do SIM, o PS tende a desmarcar-se de forma hipócrita por muitas razões. Pesa os prós e os contras de um envolvimento total e escolhe a opção política que mais lhe convém, mascarando (digo mascarando porque muita gente ainda não percebeu esse jogo) a campanha que diz fazer pelo SIM. Acho que o Fernando deveria ler este artigo. Talvez aqui encontre alguma das respostas que procura e perceba que se o não ganhar, o PS não vai assumir esse facto como uma derrota, porque tem razão quando afirma que “Se o Sim perder (espera-se que não) a derrota é das mulheres por todos os motivos e mais um. E depois será minha, será tua, será de todos os que se empenharem na vitória do SIM.

  7. Magnólia vou ler com mais atenção. Dei uma vista de olhos rápida mas aquele artigo é uma mistificação e está claramente ao serviço da Igreja. Logo se tiver algum tempo (agora vou ter de sair), vou analisar com mais cuidado. Obrigado pelo comentário e pelo link.

  8. Para mim é lamentável que o PCP continue a usar os mesmos argumentos de há 30 anos, do estilo: Nós somos melhores porque somos velhos, estivemos presos antes do 25 de Abril e temos uma história de lutas ao lado do povo. Não me consigo esquecer da primeira campnha eleitorar do PC onde eram contabilizados os anos de prisão dos candidatos a deputados como garantia. Trinta e tal anos depois ainda é o mesmo argumento. À falta de melhor…

  9. Sem duvida que em Alhos Vedros foi assim, digo melhor, em todo o concelho da Moita (Assembleias de Freguesia e Municipal) a CDU votou contra uma moção apresentada pelo BE para maior esclarecimento da população, caberia aos orgãos autárquicos promoverem debates sobre o referendo com todos os movimentos e forças políticas.
    Mas a CDU votou contra e reprovou a moção. É incompreensivel. A linha dura mora neste reduto. Podem ler a moção no blog do

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